Conto: A menina e o Morangueiro.

https://lh4.googleusercontent.com/-XiaP-o2MX7A/TjiN85SY6sI/AAAAAAAACVw/TPgJCxPh3nM/Sem%252520T%2525C3%2525ADtulo-2.png  Era uma vez, uma linda menina que todos os dias ia para os longínquos bosques recolher flores para sua mãe doente. Uma vez, durante a viagem ao bosque, a menina foi surpreendida por uma velha, que estava atirada ao chão e pedia por ajuda. A menina, de muito bom coração, estendeu sua mão para ajudar a pobre velha.
  
  Seu rosto estava coberto por uma capa negra e velha, e suas mãos aparentavam ser tão velhas quanto o tempo. A menina, como uma amiga, pediu para que a velha retirasse o capuz para que ela a examinasse, para o caso de haver algum ferimento. A velha, com um sorriso malicioso, retirou o capuz. Seu rosto era pálido como a neve, e tão aparentemente velho quanto suas mãos. 
  
 A menina aterrorizou-se, mas não o demonstrou. Despediu-se da velha e pôs-se a caminhar. Mas não tardou e a velha a agarrou pelos braços, surrealmente forte, e disse que queria a agradecer.

— Muito obrigado minha jovem, muitos não parariam para me ajudar. — Disse a velha, ainda com o mesmo sorriso malicioso em seu rosto. 
— Por nada senhora, mas infelizmente tenho que ir, minha mãe me espera. — Insistiu.
— Espere! Tenho um presente como retribuição. — A velha estendeu sua mão, e nela havia um pequeno, mas aparentemente suculento morango.
  
 A menina apanhou o pequeno morango e agradeceu, mas a velha, insistente, pediu para que ela o comesse, dizendo que era o melhor exemplar que ela poderia comer em vida. A menina com muita fome e atraída pelo lindo morango, o pôs em sua boca.
  
 De início, sentiu-se maravilhada pelo quão saboroso era o morango. Mas em seguida, sentiu uma forte dor por todo seu corpo. Contorcendo-se, foi ao chão como se suas pernas não mais a agüentassem. Gritava por ajuda ao mesmo tempo em que chorava. A velha a olhava com o mesmo sorriso malicioso, mas agora exibia-se como vitoriosa.

 Os longos cabelos castanhos e cacheados da menina pareciam soltar-se de sua cabeça. Não só parecia como acontecia. Sua pele estava enrugada e ganhava um tom esverdeado, como folhas de morango. Seus olhos verdes, agora ganhavam a cor vermelha, suas pupilas desapareceram em meio ao vermelho. Todo seu corpo estava modificando-se, até que começou a encolher, ao mesmo tempo que em que suas pernas e braços transformavam-se em vários e pequenos galhos e raízes. Até que então, a menina estava completamente transformada em um pequeno e saudável morangueiro. A velha que ainda sorria, retirou um pequeno vazo com as escritas "Aqui jaz Margarette" — e este era o nome da menina. Pegou o pequeno morangueiro e o colou dentro do pequeno vazo, cobrindo de terra suas raízes.

 — Tamanha beleza jamais deveria ser de outra pessoa, a não ser de mim mesma. — Dizia a velha, enquanto acariciava as pequenas folhas do morangueiro. E enquanto o fazia, suas mãos já não aparentavam ser tão velhas, o mesmo ocorreu com seu rosto e cabelos. A velha agora não era mais velha, rejuvenescera ao transformar Margarette em morango. Inclusive suas vestes negras, agora pareciam tão novas como se tivessem sido feitas a poucas horas.

  A bruxa desapareceu como fumaça ao vento, e nunca mais foi vista.

  Muitos anos mais tarde, um jovem da realeza, cavalgava por entre a mata. Avistou uma velha casa, aparentemente abandonada, estava em más condições e suas portas e janelas estavam escancaradas. Resolveu entrar para descansar, pois a muito tempo viajava.

 Caiu a noite, o jovem cavaleiro ainda dormia sob uma cama feita de palha. Foi então que um grande barulho veio de outro cômodo. O jovem cavaleiro logo levantou-se, e apanhou sua espada. Foi até o outro cômodo com muito receio, e viu algo fascinante: ao chão, havia um pequeno vazo com um morangueiro, mas este se transformava em algo, em uma mulher.
  
 O jovem cavaleiro, espantado, acusou-a de bruxaria. Mas logo encantou-se com tamanha beleza, e estendeu-lhe suas mãos, para que se levantasse. A mulher, com aparência muito triste, cedeu-lhe sua mão. Era Margarette, muito mais velha do que quando fora enfeitiçada pela bruxa, mas ainda possuía muita beleza, tanto quanto, ou mais do que antes.

— Diga-me seu nome. —  Perguntou o cavaleiro, ainda encantado.
—  Margarette, meu senhor. —  Respondeu-lhe, ofegante e triste.
  
Margarette contou-lhe sua história e como todas as noites voltava a sua forma humana.Também o alertou que fosse embora, pois a bruxa apareceria a qualquer momento, para assegurar-se que Margarette ainda estaria ali.
  
O jovem cavaleiro perguntou como poderia ajudá-la, mas Margarette pouco sabia como fora enfeitiçada, tampouco como quebraria o feitiço. Então ele a disse que voltaria na noite seguinte, para fazê-la companhia. Margarette despediu-se e o jovem cavaleiro se foi.
  
Na noite seguinte, o jovem cavaleiro voltava para a velha casa entre a mata, mas agora a pé. Enquanto caminhava, ouviu alguém cantar, com uma linda e suave voz. Imaginou que fosse Margarette, e seguiu o canto.
  
Em volta de uma fogueira, dançava uma linda mulher de cabelos negros. Seus olhos brilhavam conforme refletiam o luar, e seus cabelos dançavam como fumaça negra. O jovem cavaleiro escondeu-se em meio as árvores, e espiou a linda mulher. Apesar do canto ter conseguido sua atenção, ele não havia notado sua letra. 

"Enquanto eu cantar, do encanto jamais retornará.
Enquanto eu viver,  Margarette como morango permanecerá.
Enquanto eu cantar, sua beleza a mim pertencerá!"

Continua...

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